E eu não quero preocupar vocês, nem ninguém. Nunca quis. Mas eu sinto que tudo é externo. Como eu posso explicar? Eu estou dentro do meu corpo e eu preciso me sentir segura aqui pra viver bem aqui dentro; dentro desse corpo. Não estou tentando me destruir, e eu tenho que falar pra vocês que eu estou me cuidando... Pelo menos faço o possível pra isso. Perdi uma consulta no cardiologista ontem, tinha um exame importante, mas acabei me esquecendo. Esqueço de tudo. Mas eu vou remarcar, promessa.
Sabem, está difícil-pra-caramba viver aqui na minha casa. Vieram conversar comigo hoje, minha madrinha, minha mãe. Meu pai passou pela gente, reclamou dos meus braços magros, dos meus dedos, das minhas mãos e foi embora rebatendo as minhas defesas. Minha mãe falou do meu rosto, falaram da minha bunda, da minha expressão. Questionaram os "métodos" que eu uso pra emagrecer. Tentaram me convencer a procurar um psicólogo. Nos atacamos um pouco, minhas primas estavam junto, ouvindo tudo... Quis chorar, mas me segurei. A minha mãe também.
O clima aqui está pesado. Não fico bem em casa, gostaria de estar em qualquer outro lugar. Como a minha mãe mencionou, meu pai e eu parecemos estranhos dentro de casa. Se trocamos duas palavras, batemos de frente e fica tudo uma merda. Minha mãe está estranha, tensa, dura. Não dá mais pra conversar com ela também. Minha madrinha estava intermediando toda a conversa, tentou ajudar, amenizar. Eu soube que a minha mãe dorme mal e acorda no meio da noite tentando entender o que está acontecendo comigo.
Me senti um lixo por isso.
Mas, como eu disse no começo do post, é externo. E eu me fecho dentro de mim e espero passar. "É só o vento lá fora". Vai ficar tudo bem.
Me recolho para o meu silêncio, a paz que eu conheço. Como o mínimo possível. Mio quando preciso.
Uma coisa certa. Meu controle. Está tudo bem.
P.S.: Aconteceu algo bom. Algo que me deixa feliz, um motivo pelo qual eu estava contente. Eu queria falar sobre isso, mas depois de hoje...
Não é só meu orgulho
É só até essas lágrimas secarem
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