sexta-feira, 27 de novembro de 2009

É só o vento lá fora

Me desculpem por estar ausente há tanto tempo nos blogs de vocês. Sinto que devo isso a vocês, porque eu sei que vocês se importam.
E eu não quero preocupar vocês, nem ninguém. Nunca quis. Mas eu sinto que tudo é externo. Como eu posso explicar? Eu estou dentro do meu corpo e eu preciso me sentir segura aqui pra viver bem aqui dentro; dentro desse corpo. Não estou tentando me destruir, e eu tenho que falar pra vocês que eu estou me cuidando... Pelo menos faço o possível pra isso. Perdi uma consulta no cardiologista ontem, tinha um exame importante, mas acabei me esquecendo. Esqueço de tudo. Mas eu vou remarcar, promessa.
Sabem, está difícil-pra-caramba viver aqui na minha casa. Vieram conversar comigo hoje, minha madrinha, minha mãe. Meu pai passou pela gente, reclamou dos meus braços magros, dos meus dedos, das minhas mãos e foi embora rebatendo as minhas defesas. Minha mãe falou do meu rosto, falaram da minha bunda, da minha expressão. Questionaram os "métodos" que eu uso pra emagrecer. Tentaram me convencer a procurar um psicólogo. Nos atacamos um pouco, minhas primas estavam junto, ouvindo tudo... Quis chorar, mas me segurei. A minha mãe também.
O clima aqui está pesado. Não fico bem em casa, gostaria de estar em qualquer outro lugar. Como a minha mãe mencionou, meu pai e eu parecemos estranhos dentro de casa. Se trocamos duas palavras, batemos de frente e fica tudo uma merda. Minha mãe está estranha, tensa, dura. Não dá mais pra conversar com ela também. Minha madrinha estava intermediando toda a conversa, tentou ajudar, amenizar. Eu soube que a minha mãe dorme mal e acorda no meio da noite tentando entender o que está acontecendo comigo.
Me senti um lixo por isso.
Mas, como eu disse no começo do post, é externo. E eu me fecho dentro de mim e espero passar. "É só o vento lá fora". Vai ficar tudo bem.
Me recolho para o meu silêncio, a paz que eu conheço. Como o mínimo possível. Mio quando preciso.
Uma coisa certa. Meu controle. Está tudo bem.




P.S.: Aconteceu algo bom. Algo que me deixa feliz, um motivo pelo qual eu estava contente. Eu queria falar sobre isso, mas depois de hoje...



Não é só meu orgulho
É só até essas lágrimas secarem



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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Perdão,

e que um dia minha vida tome um rumo, perdão Pai, mas é preciso.

:/

Aniversário da minha mãe.
Ela menciona a minha aparência segundo ela doentia. Não acho justo; justamente nessa noite eu dormi menos de três horas. Ela também menciona a minha insônia, irritabilidade, instrospecção, falta de concentração, magreza. Falsa magreza, diga-se de passagem. Eu digo que ela implica demais comigo.
Minha mãe falou também sobre não aguentar mais as pessoas comentando e perguntando pra ela o que há de errado comigo. Ela diz que eu estou feia e eu digo que não estou e que ela não poderia me achar feia porque é minha mãe.
Ela diz que é pra eu marcar uma consulta amanhã de manhã pra tratar de uma vez do que "está acontecendo". Eu digo que não vou ao médico. Minha prima, que presencia todo o agradável diálogo diz pra minha mãe que eu estou doente e que eu preciso ir ao médico.
Minha mãe diz que vai comigo. Eu digo que não vou.

Acreditem em mim: eu estou sofrendo. Sofrendo por causar essa preocupação, que na minha opinião é desnecessária. Tem gente que está mesmo muito "abaixo do peso", mas eu não estou magra, eu juro.
E eu queria pelo menos não me odiar tanto, não me achar tão imensa, não me sentir assim o tempo todo.
Disseram que eu estou estranha, minha mãe disse que meu pai também achou e que ele quer falar comigo. Vai ser engraçado, porque ele nem fala comigo sobre a faculdade, o que dirá sobre isso!
Decidi que toda minha força vai ser dedicada a emagrecer mais daqui pra frente. E também em ser mais alegre, eu vou me esforçar muito pra isso. Ser mais atenciosa com as pessoas, mais calma, mais simpática. Vou tentar, eu juro. Sei que não sou nada disso, mas eu quero ser.

Hoje eu passei o dia mal porque comi muito mal e miei tudo o que comi. Mal parava sentada, cochilei alguns minutos quando fugi pro meu quarto por volta das 7 da noite e depois me senti um pouco melhor. Agora eu vou tentar dormir pra evitar as compulsões noturnas, que são as piores. Nos últimos episódios, eu acabei com tudo que tinha no armário e na geladeira. Pacotes de bolacha, latas de patê e leite condensado, pães de forma, doces, mousse, sorvete, refrigerante... Óbvio que a minha mãe percebeu. E eu só engordei 300g. E é óbvio que isso ela não percebeu.

Mas essas gramas a mais me encheram de ódio. Vou me restringir ao máximo. Quero chegar logo aos 45kg.

Meninas, cuidem-se. Sejam fortes e aproveitem a vida. Vivam!

Beijos.



LA VIE EST BELLE.



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quinta-feira, 19 de novembro de 2009

I promise that I will be more perfect

Estou pesando 47kg.
Agora eu estou avançando em direção aos 45.
Não está sendo fácil, as coisas não têm saído exatamente como eu planejei, por vezes tenho tropeçado. Mas a Mia tem estado comigo, todas essas vezes.
Eu sinto que fiz a minha obrigação, e é isso. Não posso perder o foco, preciso melhorar a minha disciplina.
Meu humor é absurdamente instável. Tem dias que eu estou alegre, agitada. Tem dias que eu estou melancólica, triste. Tem dias que eu estou meiga, tranquila. Tem dias que eu estou ardendo em ódio. Mas tudo bem, eu sinto que, apesar de alguma coisa ou outra, eu estou no controle.
Esta semana está sendo puxada, passo o dia todo na faculdade. Durante a tarde para as aulas, durante a noite para a Semana de Tecnologia. Eu faço parte da Equipe de Apoio, que inicialmente contava apenas com 12 alunos (bem menos agora que alguns desistiram) então não posso nem pensar em faltar. Então tem o momento do nosso lanche, que consiste em uma diversidade imensa de doces, salgados e refrigerantes. É quando a minha compulsão ataca e eu como o máximo que eu posso sem parecer mal educada. Muito difícil. E depois eu vou ao banheiro vomitar.
Anyway.
Tenho ouvido muito tipo de coisa. Por exemplo:
- Você está passando fome na sua casa? Quer ir almoçar em casa um dia desses?
- A Barbie está só o osso! Nossa, tô até com dó de você.
- Você tem que parar com essa história de emagrecer, isso pode virar anorexia, sabia? Já ta quase.
...Quase.
Ou não. Sei lá. Não importa, só quero estar magra de fato. E me sentir assim. E me sentir pura e perfeita. E limpa e leve. E em paz.
Essa semana também, depois da aula, nós saímos da faculdade e fomos a uma lanchonete. Os meninos da minha sala comendo açaí, bebendo cerveja, outros comendo lanche natural, tomando refrigerante. E eu comendo um saquinho de mostarda. A conversa deles me intrigou.
- Nossa, açaí é muito calórico. Vou ficar gordo, tomando cerveja ainda!
- Queria pedir outro lanche e tal, mas eu acho que vou ficar na bad depois.
- Ah, vai mesmo. Vambora.
No caminho de volta, eles começaram a brincar, falando que estavam muito cheios, que iam vomitar.
- Vamo colocar o dedo na garganta? - um deles disse.
- Vamo. Eu já fiz isso uma vez com o meu amigo.
Eu já sabia que um deles vomitava depois de comer quando era mais novo. É, bulimia. Nunca tratada. A pessoa fica assim depois? A única coisa que eu disse foi:
- Ai, que nojo! Como vocês são nojentos, credo! Parem com isso!
Será que TODO MUNDO é assim, no fundo, pelo menos? Não todo mundo, mas acho que quase todo mundo. Meu Deus, eles são homens! Eu disse que eram os homens mais estranhos que eu já vi. Se fossem gays, eu acho que até seria mais compreensível, sei lá! Mas eu queria contar pra vocês.
Bom, meninas. Espero que vocês estejam bem. Vou visitá-las e tentar comentar.
Pré-estréia de Lua Nova hoje. Vai salvar meu dia, espero! :)
Já vi que o meu fim de semana vai ser uma droga e eu vou sobrar em casa sozinha, mais uma vez. Mas eu tenho bastante trabalho, vou tentar me ocupar com isso.
Mas não deixa de ser chato. E triste.
Beijos :*





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sábado, 14 de novembro de 2009

"I took the one less traveled by...

...And that has made all the difference. All the difference." (Robert Frost)


Não sei o que acontece, não entendo. Por vezes (muitas vezes), sussurro: "inferno!" e engulo o choro. Digo a mim mesma que não agüento mais. Tudo o que eu como eu já acho que vai me engordar. Sabe, os dois últimos dias foram compulsivos, eu já acordei e fui direto comer. Vomitei o café da manhã nesses dois dias. Dormi exausta após miar de madrugada. Me deu um desespero e eu nem quis me pesar.
Hoje, porém, um menino da minha sala comentou: "você está emagrecendo cada vez mais". Eu respondi: "na verdade, eu engordei". E todo mundo disse: "onde?"

¬¬'

Fui ao shopping com a minha mãe. Sou do Grupo de Apoio da Semana de Tecnologia na minha faculdade, precisei comprar a roupa que eles exigiram que usássemos. Peguei dois números de calça social (os dois menores que havia - 36 e 38). Olhei triste para a 36 e pensei: "essa porra não vai passar nas minhas pernas". Entrei no provador nervosa, peguei logo a 36 pra acabar com aquela angústia, a dúvida se iria servir ou não. Prendi a respiração, coloquei a calça.
Ficou larga!
Em tudo, inclusive nas pernas e eu não acreditei. Saí do provador, mostrei para minha mãe. Ela disse: "não dá pra você levar uma calça dessas, tá horrível!". Provei outros modelos, mesma coisa. Não comprei.
Comprei só a blusa e um lenço. Tomamos um Top Sundae no Mc Donald's e eu vomitei no banheiro do shopping logo em seguida.
No caminho de volta ela me disse que eu estou muito magra e feia. Que antes estava mais bonita. Disse que gente gorda e até fortinha é feio, mas magra demais também. E que eu já estava magra demais.
No aniversário do meu melhor amigo também disseram isso. A mãe dele perguntou: "mas você não vomita, né?". Eu nem sabia onde enfiar a cara!

Eu não sei, essas coisas me confundem. Talvez eu me pese amanhã, talvez não. Depende da minha coragem.
Estou me sentindo mal e feia. Gorda. Belisco meu braço, minha barriga. Xingo minhas coxas. Tô cansada, não sei. Minha mãe tá preocupada, não quero que ela se sinta assim.
É tanta coisa! Como eu vim parar aqui? Mas que droga! Espero que isso passe logo.
Bem ou mal, eu me peso na terça. Vou fazer um LF forte amanhã e segunda. Preciso dar um jeito.

FORÇA, meninas. Desculpa a demora, eu ando meio assim... Sei lá.





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